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04 mar 2018

A arte de puxar tapetes na vida corporativa

                                                                       

Reinaldo Polito

Algumas expressões sutis, inseridas de maneira estratégica ao longo de um comentário, podem boicotar suas idéias e puxar seu tapete. Veja como funciona e algumas formas de se defender.

Vamos supor que você seja o responsável pelo desenvolvimento de um projeto e que, depois de se dedicar semanas ou meses à sua elaboração, fosse apresentá-lo para a apreciação de um diretor.

 

Suponha ainda que, pela função exercida, ele tivesse a obrigação de receber o trabalho e discutir com os demais membros da diretoria a possibilidade de implantá-lo. E vamos imaginar também que ele não desejasse a sua aprovação.

Ele poderia prejudicar as possibilidades de sucesso da sua nova idéia, e jogar no lixo o resultado do esforço de toda a equipe envolvida no processo, fazendo apenas um comentário aparentemente ingênuo e não intencional.

 

Se ele dissesse, por exemplo, que reconhecia o fato de o projeto ter demandado grande esforço de muitos profissionais e que teoricamente até poderia dar resultado, estaria usando de maneira sutil uma expressão que talvez atuasse como objeção ao plano apresentado.

 

A expressão “teoricamente até poderia”, em circunstâncias como essa que exemplificamos, possui sentido pejorativo e pode induzir à conclusão de que, se é teórico, talvez na prática não funcione.

 

Como nem sempre é recomendável estabelecer confronto e medir forças com o chefe, a solução para casos como esse é fingir que não entendeu a intenção do “boicote” e reforçar a linha de argumentação, enfatizando os aspectos sólidos e práticos do projeto.

Veja outro exemplo em situação totalmente diversa. Há algum tempo estava assistindo a um programa de televisão e percebi que dois profissionais sutilmente trocavam farpas, embora a aparência fosse de perfeita cordialidade.

Em determinado momento, após um deles fazer brilhante explanação de um tema comportamental, o entrevistador perguntou ao outro profissional o que ele achava daquele assunto. Antes de dar sua opinião sobre a questão, ele fez um comentário sobre a exposição do colega dizendo que, em parte, estava de acordo com o que acabara de ouvir.

Observe que, ao dizer que concordava “em parte”, de maneira sutil demonstrava que não comungava com as idéias do colega. E o pior de tudo é que, em seguida, ao dar sua opinião com outras palavras, disse exatamente o que já havia sido exposto pelo outro entrevistado.

Atenção, portanto, ao uso dessas expressões, pois, dependendo da maneira como são usadas e da entonação como são pronunciadas, poderão funcionar como verdadeiro veneno para o sucesso da sua causa.

Nessas circunstâncias, a melhor saída é, mais uma vez, ignorar a intenção velada de prejudicá-lo, e demonstrar que ficou feliz com o comentário, complementando que tinha certeza de que uma pessoa bem preparada e inteligente como ele iria mesmo concordar com seu ponto de vista, eliminando, assim, a força implícita da objeção.

Cuidado, entretanto, para não começar a ver fantasmas em todas as situações, imaginando sempre que alguém está querendo puxar seu tapete. Use o bom senso e aprenda a identificar, principalmente pelo tom da voz, quais são as verdadeiras intenções do interlocutor.

 

Se quiser compartilhar comigo suas experiências sobre esse assunto, entre no endereço da minha página que está embaixo e me escreva.
Superdicas da semana:

– Aprenda a identificar quando as expressões sutis funcionam como objeção

– Finja não entender a sutileza da expressão e use argumentos para derrubá-la

– Preste atenção no tom da voz para saber a real intenção do interlocutor

– Use o bom senso e não fique imaginando que todos querem prejudicá-lo

 

Livros de minha autoria sobre esse tema: “Como falar corretamente e sem inibições” e “Assim é que se fala”, publicados pela Editora Saraiva.

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