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04 abr 2018

Amores incertos no mundo corporativo

Oscar Wilde disse que a vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida. Profundo. Permite mesmo uma boa reflexão. Lembro-me de quando vi pela televisão o Boeing 767-223 da American Airlines se chocando com uma das torres gêmeas no World Trade Center em Nova York, naquele aterrorizante 11 de setembro de 2001. Pensei: a imaginação desses cineastas não tem limite.

 

Demorei um bom tempo para tomar consciência de que não se tratava de um filme, mas sim de uma cena real. Afinal, nesse exemplo, a vida não só imitava a arte, mas apresentava ingredientes que estavam além dela. Até hoje quando assisto a algum documentário que reproduz aquelas cenas custo a acreditar que sejam reais.

 

Assim é com a nossa vida em todas as dimensões. Lemos um livro com a sensação de que se tratam apenas de fatos imaginários, e pouco tempo depois nos surpreendemos com episódios do cotidiano semelhantes àqueles idealizados pelo autor da obra. Não raro somos obrigados a aplaudir Oscar Wilde ao constatar que ele estava certo ao fazer a afirmação que fez.

 

No mundo corporativo o quadro é semelhante. Praticamente todos os episódios vividos nas corporações podem ser encontrados nos romances. Se você leu algum livro escrito por John Grisham ou assistiu a algum filme baseado em suas histórias deve ter observado que as narrativas dele não fogem do que se pode experimentar dentro das empresas. Só para citar dois dos mais conhecidos, “A firma” e “Dossiê Pelicano”

 

Certa vez, durante uma viagem que fiz aos Estados Unidos, comecei a ler um livro seu intitulado “Nas arquibancadas”. Como se tratava da história de um jogador de futebol americano, esporte pelo qual não tenho interesse por desconhecer suas regras, resolvi interromper a leitura. Já havia lido todos os livros que levara na viagem e só restava esse.

 

Sem outra opção retomei a leitura e para minha grande surpresa gostei bastante da história. Nessa época eu estava reescrevendo o livro “Vença o medo de falar em público” e pude aproveitar uma cena extraordinária da obra “Nas arquibancadas” para ilustrar um dos capítulos do meu livro. É o momento em que o protagonista da história entra em pânico quando precisa falar diante de uma plateia. Foi uma descrição tão real que serviu como uma luva para o que eu precisava.

 

Recentemente minha filha Roberta Polito lançou o romance “Amores incertos” pela Editora Europa. É uma história de amor onde duas mulheres disputam o mesmo homem. Olhando na superfície este livro não teria nenhuma ligação com a vida corporativa, mas ao mergulhar em suas páginas a opinião passa a ser outra.

 

A protagonista Marina Spinelli vive um dilema que atormenta muitos de nós, continuar trabalhando como empregada ou montar seu próprio negócio. No seu caso, manter o emprego seguro como psicóloga em um hospital psiquiátrico ou fazer o que mais deseja, montar seu próprio consultório.

 

O marido dela, Edu, também vive um conflito profissional, continuar fazendo o que sabe e domina ou migrar para a área de Recursos Humanos, na qual não tem experiência, mas que passa a ser seu objetivo de vida. Deixar uma atividade que não nos proporciona sentido de realização, mas que nos mantém financeiramente, e partir para outra de que gostamos, mas sem os mesmos benefícios financeiros é uma decisão difícil.

 

Edu tem ainda a oportunidade de trabalhar na Inglaterra e se mostra muito competente no desempenho de suas tarefas. A autora delineia uma encruzilhada enfrentada por muitos de nós, deixar o país de que gostamos, onde estão nossa família e nossos amigos, e nos aventurarmos em terras estranhas, tendo de aprender a conviver com outras pessoas e uma cultura, às vezes, totalmente distinta da nossa, ou permanecer sem tentar o desafio.

 

Já o sedutor professor de arte de Marina, Luca Bérgamo, não se incomodou em deixar a família de que tanto gostava em Siena para ministrar aulas nos museus e academias de Florença. E não pensaria duas vezes em se mudar para o Brasil se essa atitude fosse necessária para viver um grande amor. Por isso, alguns de nós arrumamos as malas com tanta facilidade, enquanto outros jamais pensariam nessa possibilidade.

 

O romance de Roberta fala também do domínio que algumas pessoas passam a ter sobre nossa vida profissional, pois têm nas mãos o poder de decidir o que seria adequado para nós mesmos. Aceitar essas imposições de maneira cômoda e conveniente, com prejuízo da nossa dignidade, ou nos rebelar para que possamos ter a vida nas próprias mãos também passa a ser uma escolha difícil.

 

Portanto, romances apresentados nos livros, no teatro ou nos filmes podem nos mostrar a realidade que nós mesmos vivemos, especialmente na vida corporativa. É o que Mário Vargas Llosa chama de “persuasão” em seu livro “Cartas a um jovem escritor”. É o instante em que a história imaginada pelo autor se confunde com a realidade. Afinal, repetindo o que disse Oscar Wilde “a vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida”.

 

Superdicas da semana:

– Aproveite os romances para refletir sobre sua vida profissional

– Saiba o que os autores imaginam sobre a vida corporativa

– Tome decisões bem pensadas. Se não decidir, já decidiu errado

– A arte imita a vida. Sim, mas às vezes a vida imita a arte.

 

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Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse tema: “O que a vida me ensinou”, “Como falar corretamente e sem inibições”, “A influência da emoção do orador”, publicados pela Editora Saraiva.

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