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04 mar 2018

Arrebente na entrevista de emprego

Reinaldo Polito

Cada vez que vejo o número de candidatos a uma vaga de emprego limpo os olhos para me certificar de que não estou enganado. Sinto pena dessa garotada que se atropela para encontrar um lugar ao sol.

A estatística chega a ser desanimadora —de 15 mil a 25 mil candidatos para 15 a 20 vagas. Há casos em que a procura para esse número de vagas ultrapassa a marca dos 100 mil pretendentes. Lógico que não são todas as empresas, nem todas as atividades que oferecem tão poucas vagas para esse número elevado de candidatos, mas a concorrência é sempre muito grande.

Nos últimos anos, tenho recebido no meu curso de expressão verbal, com freqüência crescente, jovens interessados a aprender a falar bem na peregrinação que fazem em busca de uma chance no mercado de trabalho. As mesmas orientações que tenho dado a eles vou passar agora a você, para que amplie suas chances de se sair bem numa entrevista e conquiste o emprego que tanto deseja.

Ah, e se você já estiver empregado, fique atento, porque as mudanças na vida profissional ocorrem quando menos se espera.

Talvez você não se dê conta, mas ao chegar para a entrevista já terá passado por uma fina seleção. Estará entre candidatos que possuem mais ou menos o seu preparo. A mesma formação acadêmica, o domínio das mesmas línguas, a mesma competência tecnológica, a mesma experiência profissional. A entrevista irá avaliar se além de todos esses pré-requisitos você possui o perfil ideal para a empresa e para a função que deverá ocupar.

É agora, no momento da entrevista, que começa a verdadeira competição. O que você tinha de fazer para se capacitar e chegar até ser entrevistado já fez; daqui para frente estará por sua conta.

Hoje vou falar das preliminares, alertar para os cuidados que você deve tomar antes de chegar na frente do entrevistador. Na próxima semana vou mostrar como deverá agir quando estiver diante dele.

Faça a lição de casa antes da entrevista
Vamos começar pela página um da cartilha. São detalhes que provavelmente nem precisariam ser comentados, mas que se forem deixados de lado você não passará nem sequer da primeira conversa.

Se você for homem, por mais que você goste da sua juba, não vacile, meta a tesoura na cabeleira. Quase todos os entrevistadores dão preferência a entrevistados com cabelos curtos. São raras as atividades que não se incomodam com esse aspecto da aparência —algumas agências de publicidade, empresas de informática e mais meia dúzia de organizações “descoladas”. E só. Por isso, se deseja conquistar o emprego, apare os cachos.

Você usa bigode? Bonito, bem aparado? Mas, precisa muito do emprego? Hum, pelo menos no período das entrevistas seria melhor tirá-lo da frente. Eu sei que, se você usa, é porque gosta do bigodinho, ou é uma exigência da mulher ou da namorada que não se cansa de dizer como ele dá um charme todo especial a você. Entretanto, mais de 90% dos entrevistadores preferem candidatos que não usam bigode.

Dê uma checada nas unhas. Verifique se elas estão cortadas e limpas. Com unhas de gavião talvez você não passe nem da recepcionista.

Capriche no figurino. Se não quiser errar, use terno azul marinho, cinza escuro ou preto. Para essas cores a melhor combinação é feita com meias da mesma cor do terno. Você sabia que os primeiros detalhes que as mulheres observam no homem são os sapatos e a gravata? Com o entrevistador talvez não seja muito diferente. Por isso, para essas roupas que acabei de sugerir, escolha sapatos pretos —sempre limpos e engraxados. Embora tenha certa liberdade para combinar a gravata, tome cuidado com as cores espalhafatosas ou que fiquem em desarmonia com o conjunto.

Se você for mulher, prefira vestir um tailleur elegante, discreto. Use maquiagem suave e, assim como os homens, cabelos preferencialmente curtos e com bom corte. Quando for participar de dinâmicas de grupo prefira usar calça comprida para ter mais liberdade e se sentir mais à vontade.

Em todos os casos, sendo você homem ou mulher, vá para a entrevista vestido sempre de maneira formal, mesmo que a região seja propícia para roupas mais informais, como cidades praianas e interioranas. Vale a pena seguir as orientações de um bom livro de moda. Verifique especialmente o capítulo sobre roupas clássicas, para conhecer melhor as combinações mais adequadas.

Como você deseja acertar, talvez quisesse fazer esta pergunta: Polito, o que mata as chances de um candidato? Segure firme que lá vão os pecados capitais.

Se o candidato for fumante ou rechonchudo já chegará em desvantagem. Se você entrou para esse grupo de risco, não fique chateado comigo, são as pesquisas que constatam que mais de 70% dos entrevistadores têm restrições a fumantes e a obesos.

Assim como também torcem o bico quando descobrem que o candidato presta serviços de consultoria independente. A receptividade não é das melhores se o candidato for dono de uma empresa ou se dedicar a algum negócio paralelo. É importante você ter essas informações para não chegar falando maravilhas do seu negocinho paralelo, como se fosse uma grande vantagem.

Pode levar desvantagem também quem estiver beirando um ano como desempregado, ou ainda ultrapassando a linha dos 50. Eu sei que é nessa idade que você está no auge da experiência e da produtividade. Mas o que fazer se essa turma é chegada nos garotões?

Mulher com filho em idade que exija muito da sua atenção também perde uns pontinhos na competição. Digamos que é um pecado venial.

E para concluir a lista dos contra, as chances do candidato despencarão se permaneceu empregado por menos de dois anos em cada empresa.

Não significa que você será barrado se esbarrar em um ou mais desses aspectos restritivos, mas é bom botar a barbinha de molho para enfrentar dificuldades maiores. Ah, já que a barbinha ficou de molho, dê uma boa aparada nela.

Continue cuidando das preliminares
Falando em lição de casa, procure saber o máximo que puder sobre a empresa que irá entrevistá-lo. Quase todas possuem informações disponíveis na Internet que poderão ser muito úteis nas conversas que mantiver com os entrevistadores.

Tome cuidado para não querer ensinar o pai-nosso ao vigário e começar a dar aulas para o entrevistador. Mas inteire-se da nacionalidade, origem, países onde atua, ramo de negócio, principais produtos, faturamento, concorrência, clientes e, principalmente, se foi motivo de alguma boa notícia nos últimos tempos. Será muito mais apropriado falar sobre a empresa do que a respeito de assuntos que não estejam relacionados com o trabalho que irá desenvolver.

Durante a semana da entrevista, leia os jornais para saber quais são as notícias mais importantes. Esteja muito bem informado para falar sobre qualquer tipo de assunto.

Parece absurdo precisar dar esta orientação, mas a experiência mostra que é um cuidado muito relevante. Estude muito bem seu próprio currículo. Durante a entrevista você precisará ser coerente. Assim, se informou no currículo que seu inglês é fluente, não poderá mudar a história e dizer que possui apenas o nível intermediário; ou, da mesma forma, se disse que tem facilidade para falar em público, não poderá revelar depois que nunca enfrentou uma platéia. Esse tipo de incoerência poderá ser fatal para suas pretensões.

Saiba também quem será o entrevistador, o cargo que ocupa, qual o nome dele e como deve ser pronunciado.

Faz parte da lição de casa dirigir-se ao local da entrevista com antecedência suficiente para chegar pelo menos 15 minutos antes do horário marcado.

Antes de sair, verifique se está levando seus documentos e uma cópia do currículo. Mesmo que já tenha mandado um exemplar, não custa nada se prevenir e levar mais um.

Você está prontinho para enfrentar a fera. Na semana que vem vou mostrar como você deverá falar com o entrevistador.

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