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03 jul 2018

Avise que vai encerrar

por Reinaldo Polito

Uma boa regra a ser seguida para elaborar uma apresentação de sucesso é fazer as passagens de uma parte para outra sem que sejam notadas. As transições naturais, ligando de forma espontânea uma parte a outra, farão com que os ouvintes recebam a mensagem como se fosse apenas uma única informação, desde o princípio até o final. Essas passagens imperceptíveis também ajudarão a garantir uma das mais importantes qualidades de uma exposição que é a interdependência das partes – a relação que deve existir entre as informações do início, da preparação, do desenvolvimento e da conclusão.
Há uma exceção. Desde o início até o final a única parte que se recomenda anunciar é a conclusão. Quando você avisa os ouvintes que irá iniciar a conclusão, eles se preparam com mais atenção para ouvir a mensagem final, pois, até por intuição, sabem que no momento de encerrar o orador costuma deixar informações importantes, uma espécie de essência do assunto que foi abordado. Assim, aquele que imagina ter perdido algum dado relevante concentra-se ainda mais para compreender melhor a matéria transmitida, ou recuperar pontos perdidos por desatenções momentâneas.

Entretanto, existe uma corrente contrária a essa tese. Dizem aqueles que condenam o fato de se avisar os ouvintes que a apresentação irá encerrar, a existência de um risco, pois se o orador, por algum motivo não puder concluir, produzirá uma decepção na platéia e o resultado do discurso poderá ser prejudicado. Como refutação a essa objeção, posso dizer que se alguém avisa que vai encerrar é porque tem mesmo intenção de concluir, e, se por acaso, esse fato não ocorrer é porque algum motivo muito importante surgiu e que outras informações relevantes precisaram ser acrescentadas. E os próprios ouvintes entenderão que a fala se estendeu um pouco mais por causa dessas informações. Outro argumento forte em defesa desse recurso é que a fonte de onde extraímos a teoria da arte de falar em público são os oradores vitoriosos. Praticamente todos eles, de maneira generalizada, avisam que estão partindo para a conclusão. Costumo colecionar gravações com discursos desses oradores e quase todos eles encerram com alguns dos seguintes avisos: “e para encerrar”, “no momento em que encaminho minhas palavras para o final”, “e quando chega a hora de concluir” e outros semelhantes. Ora, se esses grandes oradores, que servem de exemplo para o estudo da comunicação, por causa do sucesso que granjearam diante das mais diferentes platéias, se valem do recurso de avisar que irão concluir a apresentação, por que nós não podemos agir da mesma maneira? Por isso, ao se encaminhar para a conclusão da fala avise que irá encerrar e aumente assim a atenção dos ouvintes. A partir de agora comece a prestar atenção nos bons oradores e constate como eles se valem desse precioso recurso.
Esses e outros conceitos são desenvolvidos no curso de expressão verbal ministrado pelo Professor Reinaldo Polito.
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