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04 mar 2018

Conversas paralelas

Que atitude você deve tomar se estiver fazendo uma apresentação e algumas pessoas conversam em voz alta atrapalhando o andamento da exposição?

Nos últimos meses tenho tratado nesta coluna de vários temas que envolvem comportamento e conduta. Fiquei impressionado com a quantidade de e-mails de professores se dizendo impotentes diante da falta de respeito e de consideração dos alunos em sala de aula. Alguns comentaram que ao tentar impor um pouco de ordem para que a aula pudesse seguir normalmente foram ameaçados e até agredidos.

Infelizmente o comportamento condenável desses jovens é o reflexo da sociedade em que vivemos. Os desmandos, a corrupção, a inoperância da máquina estatal, a violência incontrolável, o péssimo exemplo de alguns que deveriam nos representar, são fatores que contaminam e desviam a conduta social.

Não adianta os pais cobrarem a ação dos professores se eles mesmos não conseguem educar seus filhos. Largá-los nas mãos dos professores como se eles fossem os únicos responsáveis pela educação das crianças e dos jovens é um comodismo que precisa ser revisto com urgência.

Embora essa grave situação mereça nosso repúdio e uma tomada de posição, esta semana quero falar qual deve ser o comportamento do orador diante de pessoas que conversam e atrapalham a concentração dos outros ouvintes. Mas, não vou me referir a esses verdadeiros marginais que freqüentam salas de aula intimidando os professores. Esse assunto talvez possa ser abordado em outra oportunidade. Neste texto vou falar, se é que seria correto dizer, de ouvintes que apresentam um comportamento mais “normal”.

Comecei a me preocupar com esse assunto quando ainda era um garotão. Certa vez, ainda quando eu estava no curso básico, ocorreu uma cena que jamais fugiu da minha lembrança. Um colega de classe, ao perguntar, inocentemente, a um companheiro que se sentava ao lado qual a frase pronunciada pelo professor, foi pego em flagrante pelo mestre, que o retirou da sala sem chances de defesa.

Fiquei imaginando se alguém teria o direito de expulsar um ouvinte da sala porque conversou, ao invés de prestar atenção à exposição.

Sim, tem o direito, mas esse é o último recurso de que dispomos. Antes de tomar uma atitude tão extrema, existem alguns passos que precisam ser dados:

  • Fale um pouco mais baixo

Alguns palestrantes cometem o erro de falar num tom mais intenso quando percebem ruídos no ambiente. Essa atitude, além de não resolver o problema, poderá agravá-lo, porque quase sempre passa a existir uma espécie de concorrência, em que o participante no auditório também aumentará o volume da voz. Fale mais alto somente na primeira ou segunda frase, para chamar a atenção. Depois baixe a altura para que a voz da pessoa na platéia sobressaia no ambiente, forçando-a naturalmente a ficar em silêncio.

  • Passe a falar olhando na direção de quem conversa

Aqui a situação já começa a ficar delicada. Se o primeiro procedimento – falar mais baixo – não for suficiente, o passo seguinte é olhar com insistência na direção de quem conversa, sempre falando com voz mais baixa. Ao perceber que foi notado, talvez ele se cale. Neste momento um sorriso ou brincadeira podem ajudar a solucionar o problema de maneira mais leve e simpática.

  • Pare de falar

Agora complicou de vez. Praticamente todas as situações poderão ser resolvidas com os dois procedimentos anteriores, mas, se isto não ocorrer, pare de falar e continue olhando na direção daquele que atrapalha a sua exposição. Dificilmente alguém continuaria a se manifestar no auditório sentindo que o orador parou de falar e lhe dirige o olhar.

  • Peça que se cale

A luz vermelha com indicação de perigo está piscando com insistência. É desagradável ter que chegar a esse estágio. Nesse instante, já se caracterizou uma certa animosidade que nunca interessa a qualquer orador, mas se, depois de todas as tentativas, ainda persistir o problema, não tenha receio, peça que o importunador se cale.

  • Retire-o da sala

Por mais experiente que seja o orador a adrenalina deve estar a mil. É o último recurso. Tudo já foi tentado para que a exposição tivesse um rumo normal, mas a pessoa que ainda continua falando não está interessada nas suas palavras e não demonstra nenhum respeito ao ambiente. É uma espécie de corpo estranho indesejável que precisa ser eliminado. Retire-a da sala.

 

Opa, parado aí. Antes de tomar esta decisão, com certeza você já estará certificado de que possui autoridade para isto. Como é que poderíamos colocar alguém fora da sala se ele é o presidente de uma companhia para a qual necessitamos vender nossos serviços?!

  • Faça uma pergunta simples

É tudo ou nada. Nesse caso, nada mais resta a fazer. O indivíduo continua conversando, atrapalha totalmente a apresentação e não existe autoridade para retirá-lo da sala. Antes de desistir, faça uma pergunta bastante simples relacionada com o tema que desenvolve e procure envolvê-lo pela sua própria resposta.

 

Sabe rezar? Se, depois de todo esse esforço, sentir que as tentativas foram infrutíferas, peça a Deus que o ajude. Se nem Ele ajudar, pare de falar e se retire. Mas isso provavelmente nunca ocorrerá.

 

Superdicas da semana:

– Fale mais baixo para que a voz do ouvinte que conversa sobressaia na sala

– Olhe na direção de quem conversa, sempre de maneira simpática

– Pare de falar e continue olhando na direção de quem conversa

– Peça que o ouvinte se cale. Ainda dá para continuar simpático

– Retire da sala o ouvinte que conversa. Aja assim sem se alterar

– Em todas as situações mantenha o equilíbrio e a simpatia

 

Livro de minha autoria que trata desse tema – “Como falar corretamente e sem inibições”, publicado pela Editora Saraiva.

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