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18 abr 2024

Lição de casa: Hebe, Faustão, Gugu,
Ratinho e novelas

Dê uma somada nos salários desse povo todo: Hebe + Faustão + Gugu + Ratinho + elenco das novelas. Quanto deu? Alguns milhões! E olhe que nem inclui o Silvio Santos para não inflacionar demais a conta. Por que será que eles ganham tanto? Será que é porque não sabem falar ou têm dificuldades para se comunicar? Muito pelo contrário, faturam alto exatamente porque sabem o que fazer diante das câmeras e das platéias. -Ah, mas eu não suporto essa gente. Por isso, nem perco meu tempo diante da televisão.
E como você ocupa seu tempo? Trabalha, estuda, vai ao cinema, gosta de jantar fora, lê bons livros, namora, transa, brinca com os filhos ou sobrinhos, viaja, visita os amigos, se liga num som rock paulera ou curte uma tranqüila música clássica? Pois saiba que todas essas atividades são excelentes, ajudam, mas não o tornam necessariamente bom de papo. -Só me faltava essa agora – assistir a esses programas que eu detesto para aprender a falar bem. O mais provável é que eu desaprenda o que já sei.

Calma tigrão. Deixe-me explicar melhor: os mais recentes estudos da recepção concluíram que a comunicação não está centrada apenas no emissor, como se pensava no passado; ou só no receptor, como posteriormente se supunha; ou ainda exclusivamente na mensagem em si, como chegaram a imaginar. Os pesquisadores verificaram que além de considerarmos todos esses aspectos, precisamos levar em conta também a interdependência que eles possuem entre si e sua relação com o ambiente e o contexto em que se realiza o processo da comunicação. Percebeu? Funciona mais ou menos assim: Quando você fala, suas palavras não transmitem apenas o significado delas, mas a própria história da sua vida. Elas comunicam sua experiência, seus anseios, seus medos, seus preconceitos, suas expectativas, suas frustrações, enfim, toda sua estrutura de vida. Por outro lado, quando a mensagem chega no ouvinte, ele interpreta suas palavras também usando a estrutura de vida dele. Por isso, a mensagem que você transmite nem sempre é a mesma que o ouvinte identifica. Do encontro dessas duas mensagens, a que você comunica e a que ele recebe, há a formação de uma nova mensagem que irá prevalecer. Considere ainda que além desses dois fatores há também a interferência do ambiente e do contexto em que a comunicação se realiza. Portanto, no resultado final da mensagem haverá a participação do tipo de ouvintes que estarão presentes, dos acontecimentos que envolvem o evento, dos sons do ambiente, do cenário e de todos os fatores que possam influenciar no sentido do que está sendo comunicado.

-Certo Polito, eu entendi, mas o que tudo isso tem a ver com os Faustões e as Hebes da vida?
Aí é que está a resposta, o grande segredo do sucesso da comunicação. Conforme acabamos de analisar, ao transmitirmos uma mensagem ela sofrerá transformações e mudanças de acordo com a experiência e formação dos ouvintes. Ora, como a maioria das pessoas passa um bom tempo assistindo a esses programas de televisão, é simples deduzir que boa parte da formação delas ocorre a partir do que ouvem desses apresentadores durante horas e horas seguidas. Portanto, sabendo que tipo de formação os ouvintes possuem será muito mais fácil descobrir o que os motiva, adaptar a mensagem de acordo com eles e, conseqüentemente, atingir os objetivos com maior eficiência.
Por isso, se você gostar desses apresentadores terá mais essa excelente justificativa para assistir aos seus programas. Se, ao contrário, não gostar, tome essa tarefa como remédio. É provável até que ao prestar atenção, sem preconceito, no estilo de comunicação de cada um comece a gostar um pouco mais deles. Afinal, ninguém ganha tantos milhões por ser incompetente.

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