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04 abr 2018

Lula fala melhor de improviso

Lula é um orador excepcional, mas fala muito melhor de improviso que lendo discursos. Sejam esses discursos impressos em papel, sejam projetados no teleprompter. Não que se saia mal, mas quando se apresenta falando de improviso sua qualidade oratória é mais eficiente.

 

Já estou considerando nesta minha análise que ler um discurso é mais difícil que falar de improviso. Não estou, portanto, comparando apenas a qualidade da comunicação do Lula quando fala de improviso com seu desempenho quando usa o recurso da leitura.

 

A comparação que faço é do Lula com outros oradores. Quando ele se apresenta falando de improviso é um orador quase insuperável. Quando, todavia, lê o discurso deixa um pouco a desejar, e encontramos outros comunicadores mais competentes que ele.

 

A leitura de discursos impressos em papel é, sem dúvida, uma das técnicas de comunicação mais difíceis que temos à disposição. Raramente encontramos uma pessoa que saiba ler bem em público. É um recurso que exige experiência, prática e técnica apurada.

 

A situação passa a ser ainda mais complexa quando a leitura é feita com auxílio do teleprompter. Embora seja um aparelho extraordinário, de maneira geral, é estranho até para profissionais e políticos acostumados a frequentar os mais diversos tipos de tribuna.

 

Na apresentação que fez para defender a candidatura do Brasil como sede dos jogos olímpicos de 2016, Lula poderia ter se saído melhor com o uso do teleprompter. Seu desempenho ficou aquém da qualidade do texto e da sua extraordinária interpretação. Observe que estou destacando a capacidade oratória do Lula, só faço ressalvas à maneira como usou o teleprompter.

 

Falta algum tipo de orientação. Não se pode conceber, por exemplo, que o primeiro mandatário do país, cercado dos mais competentes cerimonialistas, faça o vocativo dizendo “Senhores e senhoras”. Dar precedência às mulheres é a mais elementar recomendação de um cerimonial.

 

Um dos primeiros cuidados que devemos ter ao usar o teleprompter é o de virar a cabeça e os olhos ao mesmo tempo, caso contrário a cabeça vai para um lado e os olhos permanecem no outro, produzindo um comportamento artificial. Lula cometeu essa falha quase o tempo todo – girava a cabeça e permanecia com os olhos na mesma placa de vidro, onde o texto estava projetado.

 

A comunicação visual do Lula tem sido sofrível também em alguns eventos em que faz a leitura do discurso impresso em papel. Em uma de suas apresentações na ONU ao invés de olhar para a platéia durante as pausas, levantava os olhos para o teto.

 

Acho curioso, pois, quando fez a leitura do discurso ao tomar posse pela primeira vez como presidente, foi excepcional. Lembro-me de que na época usei em sala de aula o exemplo do seu desempenho ao fazer aquela leitura. Mostrei aos alunos como a técnica bem utilizada da leitura pode ser quase tão eficiente quanto à fala de improviso.

 

Estou chamando a atenção para o desempenho do Lula, que é um orador sempre elogiado, para levantar essa reflexão sobre as técnicas que devem ser observadas para ler em público. É um recurso difícil, como eu disse, mas pode ser aprimorado com prática e treinamento.

 

Superdicas da semana:

– Pratique leitura em voz alta de textos de jornais e revistas.

– Durante a leitura olhe para os ouvintes nas pausas mais prolongadas e finais de frase.

– Se for usar o teleprompter, treine bastante antes de se apresentar em público.

– Você é quem determina a velocidade da leitura com o teleprompter.

 

Para outras dicas de comunicação entre no meu site

https://reinaldopolito.com.br/portugues/cursos.php?id_nivel=14

 

Livros de minha autoria que tratam desse tema: “Como falar de improviso e outras técnicas de comunicação”, “Como falar corretamente e sem inibições” e “Superdicas para falar bem” (também em audiolivro), publicados pela Editora Saraiva.

 

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