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04 mar 2018

Não leve desaforo para casa

Na semana passada falei sobre as agressões verbais camufladas não intencionais, (Silvio, em agressões verbais ponha este link (http://economia.uol.com.br/planodecarreira/artigos/polito/2007/12/24/ult4385u46.jhtm) hoje vou falar da agressão verbal intencional indireta. Nome pomposo para explicar uma das variações do olho gordo.

 

A agressão verbal indireta ocorre a partir da apropriação de discursos de terceiros. É até muito fácil perceber que o interlocutor tem intenção de agredi-lo, mas como ele apenas transmite a crítica feita por outra pessoa, não é tão simples adotar uma defesa eficiente.

 

Por exemplo, alguém diz que está chateado e até meio sem jeito de contar o que tem ouvido sobre você. Aproveitando o mesmo tom de voz consternado, não perde a chance de dar umas pinceladas com tintas mais fortes no comentário.

 

Pelo fato de a crítica ter sido feita por outras pessoas, você se sente chateado e meio impotente para reagir. Uma reação normal seria a de demonstrar que ficou contrariado e passar a se defender da agressão anônima.

 

Essa seria uma péssima atitude, já que talvez esse tal crítico nem exista, e se existir, provavelmente possui uma fisionomia muito diferente do monstro que acaba de ser desenhado.

Esse é o momento ideal para praticar o velho conselho de contar até dez antes de reagir. Uma boa saída antes de rodar a metralhadora é perguntar com firmeza, mas demonstrando sempre calma e serenidade, quem fez o comentário e em que circunstância ele ocorreu.

 

Independentemente de como a resposta seja dada, a tática deve ser a de atenuar o fato minimizando a intenção do autor da crítica ou justificando a atitude pela circunstância em que ela foi feita.

 

Para minimizar a intenção do autor da crítica, você poderá ponderar, por exemplo, que ele tem passado por períodos delicados, pois está desempregado, ou não obteve a promoção que esperava, ou foi deixado pela esposa ou pelo marido, ou qualquer outra informação que não seja novidade para ninguém.

 

Para justificar a atitude pela circunstância em que a crítica foi feita, você poderia dizer que, em situações como aquela, as pessoas agem sem pensar, sem terem muita consciência do que estão dizendo.

Se você tiver esse tipo de ação, a pessoa que o está agredindo com o uso de palavras de terceiros talvez fique desnorteada e sem saber como continuar, já que ela sentirá que o intento dela fracassou.

Por outro lado, se a pessoa não souber dizer quem fez a crítica, ou por alegar que não o conhece, ou porque ele na verdade não existe, e usa as palavras de terceiros apenas com a intenção de agredi-lo, a melhor reação é dizer, com a maior sinceridade possível que esse tipo de comentário não o incomoda.

 

Dependendo da circunstância, se sentir que o momento é favorável, para não levar desaforo para casa, poderá dizer ainda que se alguém perde tempo para fazer fofoca pelas costas, é porque deve estar atacado pela inveja ou atormentado por uma crise de auto-estima.

Agindo assim você dá um belo troco nessa cobra peçonhenta. O melhor da história é que a pessoa terá de engolir o desaforo, pois você não a está censurando diretamente, mas sim se referindo àquele que ela disse ter feito a crítica. Touché!

Um parente próximo dessa agressão verbal indireta é o respaldo da autoridade. Talvez seja mais comum ainda que a anterior. Trocando em miúdos, é o seguinte: a pessoa se vale de uma afirmação feita por outro, quase sempre por uma autoridade no assunto, quando, na verdade, ela mesma é quem deseja fazer a crítica.

 

Vamos imaginar que ela queira descer o pau na decoração verde-azulada da sua sala de visitas. Como não seria adequado fazer a crítica diretamente, ela diz que o renomado arquiteto Pedrinho Língua Solta comentou, no último workshop sobre a arte e o bom gosto na decoração de interiores, que o verde deveria ficar longe das salas de visita.

 

É evidente que a opinião é dessa pessoa com quem você está conversando. Provavelmente o arquiteto jamais tenha dado qualquer informação sobre pinturas de salas de visita. Entretanto, ela usa o nome da autoridade para dar peso a própria opinião e esconder o fato de estar pessoalmente fazendo a crítica.

Se notar que existe essa intenção camuflada, apenas desconverse, dizendo, por exemplo, que esses profissionais não entram mesmo em acordo e que cada um possui opinião diferente dos outros.

 

Ah, e, por favor, mantenha distância desse tipo de gente. Assim que ela aparecer, coloque uma vassoura com a piaçava voltada para cima e encha de sal grosso. É tiro e queda para espantar olho gordo.

 

Dei esses exemplos mais caseiros, mas o procedimento é o mesmo na vida corporativa. Na verdade, esse tipo de agressão velada intencional ocorre principalmente no relacionamento profissional, onde a concorrência e a disputa por espaços são maiores.

 

Na próxima semana vamos ver outro tipo de agressão verbal camuflada. Aquela que a pessoa chega com a voz suave, mas destilando fel por todos os poros. Até lá.

Se você tiver alguma história sobre esse tipo de agressão, entre no endereço da minha página que está embaixo do texto e me conte.

Superdicas da semana:

Se perceber que a pessoa tem intenção de agredi-lo de forma indireta, não reaja.

– Atenue a situação do pseudo agressor, justificando a atitude dele.

– Minimize a força da crítica pela circunstância em que ocorreu.

– Se a pessoa usar a autoridade de outro para criticar, desconverse.

– Afaste-se de pessoas que fazem críticas indiretas. Dificilmente endireitam.

 

Livros de minha autoria que tratam desse tema: “Como falar corretamente e sem inibições” e “Assim é que se fala”, publicados pela Editora Saraiva.

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