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04 abr 2018

Pegue leve com os ouvintes

Durante a palestra toca um celular no meio do auditório. Toca uma vez, duas, três. Só então o ouvinte se dá conta de que se esqueceu de desligar o aparelho e que é ele o causador daquele incômodo. O orador não perdoa. Interrompe a palestra e fustiga a pessoa com críticas pela falta de respeito e de consideração.

 

Como consequência dessa sua atitude o palestrante quebra o ritmo da apresentação, prejudica a concentração do público e conquista a antipatia não só do ouvinte como também de boa parte da plateia. Especialmente quando age de maneira ríspida, destemperada ou com ironia.

 

Essas crises de estrelismo e de mau humor não trazem nenhum benefício para o sucesso da apresentação. Ao contrário, criam uma atmosfera negativa, adversa, que podem pôr o público em situação de desconforto e em posição defensiva.

 

Um renomado palestrante se apresentava diante de uma plateia numerosa em João Pessoa, na Paraíba. No início da palestra avisara que não admitiria celulares tocando durante a apresentação. Não demorou muito para que o primeiro tocasse. Demonstrando contrariedade, voltou a dizer que deveriam desligar os celulares.

 

Pouco depois, um ouvinte, provavelmente pensando que havia desligado o aparelho, ficou muito chateado ao perceber que o celular que estava tocando era o seu. O palestrante ficou colérico e ameaçou dizendo que na próxima vez encerraria a palestra. Sua voz indicava que ele estava muito nervoso.

 

Passado mais um minuto toca outro celular. O palestrante não teve dúvida, interrompeu o que estava dizendo e começou a fazer um pesado sermão sobre a falta de educação de algumas pessoas que não sabem se comportar em salas de evento. O público que estava em silêncio começou a rir, pois o celular que tocava era do próprio palestrante.

 

A plateia não é peça de decoração. Não é um bichinho de cem ou duzentos olhos que se mantém impassível do começo ao fim de uma palestra. As pessoas se levantam para ir ao banheiro, trocam impressões entre si, se esquecem de desligar o celular, deixam cair objetos, riem, e até ficam em silêncio.

 

Está certo que algumas exageram e querem aparecer mais que o palestrante. Fazem críticas e reclamam de tudo, da temperatura da sala à luz que incide sobre a tela de projeção. Esses chatos existem, mas, felizmente, são minoria nos eventos.

 

De maneira geral, o público é amistoso e torce pelo sucesso do orador. As pessoas não comparecem a uma palestra querendo presenciar a desgraça do palestrante. Não vibram quando ele tem branco ou se engana com números e datas. Por isso, pegue leve com a plateia. Esteja consciente de que é normal a pessoa se esquecer de desligar o telefone e ser surpreendida com uma ligação.

 

Quando esses fatos ocorrem algumas ficam roxas de vergonha. Se forem repreendidas pelo palestrante o constrangimento que enfrentam, às vezes, as obrigam a se retirar da sala. E, como vimos, elas não apenas se sentirão agredidas, como poderão conquistar a solidariedade de outros ouvintes.

 

Oradores experientes sabem que esses fatos ocorrem com certa frequência e aprenderam a contornar os contratempos com tanta habilidade que até torcem para que surjam fatos inesperados em suas apresentações. Veem nesses “imprevistos” uma boa oportunidade para brincar e interagir com a plateia.

 

Um fato marcante ocorreu com o ex-presidente americano Ronald Reagan. Ele fazia uma palestra quando sua esposa Nancy caiu ao se sentar numa cadeira que estava bem na frente do auditório. O que poderia ser um momento de grande constrangimento foi aproveitado com presença de espírito pelo orador.

 

Vendo que ela não se machucara e que estava sorrindo, disse ao público: eu havia combinado com minha mulher que se não estivesse agradando ela faria essa cena, mas nunca imaginei que pudesse ser tão cedo assim. A platéia se divertiu e ele continuou a apresentação ainda mais próximo dos ouvintes.

 

Superdicas da semana:

– Procure não perder o controle se algo ocorrer na plateia

– Evite repreender ouvintes porque não se comportam de forma adequada

– Use a presença de espírito e brinque com os imprevistos

– Se tiver de agir contra algum ouvinte, peça ajuda ao responsável pelo evento

 

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(Armando, por favor, veja se o link está correto)

 

Livros de minha autoria que tratam desse tema: “Como falar corretamente e sem inibições”, “Assim é que se fala”, “A influência da emoção do orador” e “Superdicas para fala r bem”, publicados pela Editora Saraiva.

 

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