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04 mar 2018

Poderoso sexo frágil

A conversa é de homem, mas elas vão querer ouvir

Notícia do IBGE: 29,2% dos lares brasileiros são chefiados pelas mulheres. Um crescimento excepcional se considerarmos que dez anos atrás a proporção era de  21,6%.

Não é de hoje que estou de olho nessa revolução feminina. Devagar, sem muito alarde, como quem não quer nada, elas foram ocupando e dominando espaços que eram redutos aparentemente impenetráveis dos homens.

Lembro-me muito bem de quando recebi os primeiros sinais claros dessa transformação. Faz tempo. Era mais um dia na minha vida como professor. Uma aula normal como tantas outras ao longo dos últimos trinta anos.

Eu estava iniciando um treinamento particular para uma aluna que viera de um outro estado com o objetivo de desenvolver sua comunicação.

Sem nenhuma dúvida foi uma das mais inteligentes e charmosas que passaram pela minha escola.

Por causa de sua sólida formação acadêmica, domínio dos mais diferentes temas contemporâneos e por ter presidido uma das mais importantes organizações comerciais do país, era constantemente convidada a proferir palestras para grupos de mulheres. Ela defendia uma tese inédita.

A partir de seus estudos e observações chegara à conclusão de que já havia passado o tempo em que a mulher precisava erguer a espada e sair bradando pelos quatro cantos que era competente, que tinha as mesmas condições que o homem, e em muitos casos que era até mais bem preparada do que ele.

Defendia a idéia de que essa verdade, salvo uma ou outra opinião contrária, já não se contestava. De acordo com sua maneira de pensar, as mulheres precisariam aprender a abrir o coração e entender que, por causa da posição de destaque que elas conquistaram na sociedade moderna, o homem havia se transformado num ser frágil e desamparado.

E, depois de provar que nós homens estamos numa pindaíba de fazer dó, conclamava suas parceiras para uma nova revolução – dizia que se elas não agissem com inteligência e sensibilidade para perceber essa condição masculina vulnerável, as relações entre homens e mulheres poderiam ficar seriamente abaladas.

Ora, se você for homem sabe que por estarmos levando bordoada de todos os lados das mulheres, precisávamos, pelo menos uma vez na vida, ouvir mensagem tão compreensiva e acolhedora.

O que mais impressiona é a proposta de uma revolução para nos pegar no colinho, ouvir com o coração nossas angústias de machos feridos e nos recolocar no rumo certo! Fale a verdade, não é música agradável de se ouvir?!

Estamos perdendo de lavada

Realmente, as mulheres estão com tudo. Do jeito que as coisas andam nós homens estamos irremediavelmente perdidos.  Enquanto elas reclamam e exigem cada vez mais direitos, estão se preparando muito melhor do que nós – basta ver o vertiginoso crescimento do número de mulheres que freqüentam as universidades. As estatísticas não mentem, as moças tomaram conta. Veja só estes números:

Vamos começar pelo ensino médio. Enquanto os homens correspondem a 46% das matrículas, as mulheres já chegaram aos 54%. Na faculdade a diferença entre homens e mulheres que era de 8,7% em 1996, pulou para 12,8% em 2003.

Quer mais? O número de homens docentes nas universidades aumentou 67,9% de 1996 até 2003. Excelente, desde que não se considerem os números conquistados pelas mulheres, pois nesse mesmo período o aumento delas foi de 102,2%.

E a sova não pára por aí, amigo. Enquanto o aumento de homens docentes com mestrado cresceu 106,1%, o número de mulheres com essa titulação aumentou em 119,4%. Ah, Polito, você está revelando os números referentes aos docentes com mestrado porque não quer falar dos docentes com doutorado só para distorcer a estatística?

Pois então segura lá: o número de docentes homens com doutorado cresceu 69,2%. Sabe o que ocorreu com o número correspondente às docentes? Aumentou 104%!

Não dá para comparar. Qualquer dado estatístico que seja observado, enquanto nós homens andamos, elas estão correndo ou voando. Além disso, sempre tiveram algumas qualidades das quais, por melhores que venhamos a ser, estaremos a anos-luz de distância.

Só para citar algumas que nos derrotam por goleada: sensibilidade, intuição, organização, controle à dor e ao sofrimento. E nós aqui em berço esplêndido, achando que o mundo é nosso.

Até aqueles que enaltecem as mulheres com discursos politicamente corretos, falando das qualidades e das conquistas femininas, repudiando as injustiças que são cometidas contra elas, no fundo pensam que na verdade os homens ainda levam vantagem.

E não é só nas atividades profissionais que elas nos passaram a perna ou estão a um passo de cruzar a linha da vitória. Conforme já comentei, segundo dados recentes do IBGE, hoje em cada três famílias brasileiras praticamente uma é chefiada pela mulher.

E todos esses números estão crescendo numa proporção impressionante. E antes que você pense que estou me contradizendo, é bom esclarecer que nesses lares chefiados por mulheres normalmente não há um homem por perto cuidando dos filhos e fazendo comida. Por onde você olha tem salto alto dando as cartas.

As grandes corporações, que se preocupam com lucros e resultados, não se importam se no registro de admissão dos CEOS o quadradinho é preenchido por um M ou por F. Desde que haja expansão e venham os dividendos, tanto faz ser um homem ou uma mulher – e se tanto faz, lá estão elas cada vez mais na ponta da pirâmide.

Nós nos iludimos achando que estamos no comando e que podemos decidir o rumo quando bem entendermos. Parecemos aqueles viciados em cigarro. Sempre dizem que fumam porque gostam e sentem prazer, mas que na hora que desejarem parar não terão nenhum problema. Só descobrem que são incompetentes para essa decisão ‘tão simples’ quando resolvem deixar o cigarro e não conseguem.

Não, parceiro, nada de comodismo, pois a concorrência com elas é cada vez mais pesada e, que ninguém nos ouça, como vimos, por circunstâncias até da própria natureza. Confie em mim, tenho autoridade nessa praia.

Dos meus quatro filhos três são mulheres, moro com minha esposa e minha mãe, tenho uma neta e mantenho bom relacionamento com a ex-mulher e com a primeira sogra. Mais de 80% dos funcionários da minha empresa são mulheres.

Embora nos últimos anos o salário das mulheres tenha subido proporcionalmente muito mais que o dos homens, elas ainda são discriminadas. De maneira geral, para exercer as mesmas funções recebem menos que os homens. Pelo andar da carruagem, entretanto, é só uma questão de tempo. Breve elas chegarão lá.

Vamos pôr as barbichas de molho e ficar de olho nesse movimento todo. Tomara que essa tese da minha aluna seja abraçada por muitas outras mulheres, para que nos acolham de maneira compreensiva. Afinal, nós nos transformamos no sexo frágil.

Se essa campanha não der certo e continuarmos à sombra desse poder feminino que se torna a cada dia mais atuante, vai chegar o dia em que teremos de fazer um grande movimento para queimar cuecas em praça pública.

Superdicas da semana:

– Procure sempre se aperfeiçoar – a busca da excelência vale para ambos os sexos.

– Aprenda a lidar com as diferenças – esse conhecimento é valioso.

– Saiba somar esforços – homens e mulheres possuem qualidades que se complementam.

Livros de minha autoria que tratam desse tema: “Assim é que se fala” e “Como falar corretamente e sem inibições”, publicados pela Editora Saraiva.

 

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