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04 abr 2018

Será que você está sendo claro nas conversas?

Algumas pessoas andam tão ensimesmadas que acham que os outros têm obrigação de entender até o que elas não dizem. Começam a falar pelo meio da informação, truncam o pensamento, mudam o rumo da conversa sem avisar nem ligar o sinal de seta. E ainda ficam irritadas porque suas palavras não foram entendidas.

Outras acham ainda que os ouvintes compartilham as mesmas informações, e se expressam como se todos pudessem compreender claramente a mensagem que comunicam. Observe este diálogo hipotético:

– Você não vai acreditar, fechamos o contrato ontem. Quando eles ligaram para mim na semana passada e disseram que queriam conversar, eu pensei, só pode ser alguma brincadeira de mau-gosto, esses caras não estão a fim de nada, só querem zoar. Em todo caso, mandei a proposta conforme haviam solicitado, esperei mais um dia e mandei buscar o resultado.

A história foi incrível. Assim que ela chegou à porta do escritório, eles mandaram esperar porque ainda faltava analisar detalhes da operação. Quase uma hora depois veio a autorização para que ela subisse para pegar o pedido. Bem, eu fiquei aqui o tempo todo com o coração quase saindo pela boca, fumando um cigarro atrás do outro.

Cada passo que eu ouvia, tinha a impressão de que era ela chegando com a resposta. Finalmente ela chegou com um sorriso maior que a boca. Era melhor do que se podia imaginar – eles aprovaram tudo sem pedido de desconto, sem mudança no projeto, sem antecipação de prazo. Agora é só botar mãos à obra e faturar. Já estou contabilizando cada centavo desse pedidão.

– Desculpe, mas de quem e do que você está falando. Quem são eles. Quem é ela? Que raio de pedido é esse? Não me leve a mal não, mas tenho a impressão de que você está falando grego. Explique direitinho que história é essa.

– Explicar direitinho? Mas, onde você estava com a cabeça enquanto eu falava sobre o novo contrato?

É mais ou menos assim que algumas pessoas tentam se comunicar. Abusam dos pronomes como se todos pudessem entender o que pretendem dizer. É ela aqui, ele acolá, aquele mais adiante, deles a seguir, sem identificar as pessoas pelo nome.

Só que as informações que estão na cabeça de quem fala não são, necessariamente, as mesmas que estão na cabeça de quem ouve. Às vezes o que é tão claro e simples para quem fala, pode ser extremamente complexo, difícil e estranho para quem ouve.

O ela que foi buscar a aprovação no escritório poderia ser Janete Soares, a gerente de projetos; mas, poderia ser também Cláudia, a recepcionista. O eles ou esses poderia ser a Construtora Compasso; mas, poderia ser também o Escritório de Planejamento e Arquitetura Gustavo Campos.

Quem contou a história sabia de quem se tratava, entretanto, quem ouviu, como não acompanhou todo o processo, não tinha idéia sobre que pessoa e a respeito de qual empresa seu interlocutor se referia.

Por isso, confira sempre se os ouvintes entenderam o sentido que você está tentando comunicar. E, depois de analisar a reação que suas palavras provocam explique, esclareça e defina fatos, lugares, causas, efeitos, conseqüências; identifique pessoas e use informações concretas. Assim, use pronomes apenas quando o nome já for conhecido do ouvinte ou do leitor.

Tenha a cautela de identificar de forma clara os personagens das suas histórias. Se não quiser repetir o nome por questões estéticas, e também não desejar fazer uso de pronomes, lance mão de identificadores alternativos.

Por exemplo, se já tiver usado o nome do ‘Geraldo Antonio’, ao se referir a ele novamente, se for um profissional conhecido, e não desejar usar um pronome poderia identificá-lo como o ‘gerente da produção’. O ouvinte ou o leitor saberia que se trata da mesma pessoa.

Portanto, fique bem atento, pois se ao falar perceber que seu ouvinte demonstra um semblante de quem não está entendendo nada, talvez esteja na hora de usar mais nomes e menos pronomes.

Superdicas da semana:

– Avalie quanto seu interlocutor já sabe sobre o assunto que você fala

– Contextualize bem o tema para ser compreendido nas conversas

– Faça perguntas no meio da conversa para se certificar de que está sendo compreendido

– Observe as reações do interlocutor para avaliar seu nível de compreensão. Na dúvida explique melhor o que estiver dizendo.

 

Para ver outras dicas entre no meu site https://reinaldopolito.com.br/portugues/dicas.php?id_nivel=15

 

Livros de minha autoria que tratam desse tema: “Como falar corretamente e sem inibições”, “Oratória para advogados e estudantes de direito” e “Superdicas para falar bem” (também em audiolivro), publicados pela Editora Saraiva.

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