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04 abr 2018

Sonhos que por pouco não se realizam

No dia 4 de março foi comemorado o centenário de nascimento de Tancredo Neves. Tancredo foi o primeiro presidente eleito depois de 20 anos da ditadura dos militares. Não foi eleito por eleições diretas já que a emenda constitucional não foi aprovada para o pleito de 1985.

Para o povo brasileiro, entretanto, Tancredo representava a voz da oposição e ainda que fosse de forma indireta interpretava a vontade popular. Pouco antes de tomar posse, todavia, ficou doente e faleceu sem ter assumido o cargo. Quem tomou posse foi o vice José Sarney, que governou o país até 1990.

Há inúmeras histórias de eleitos que não chegaram a tomar posse. E não só na política. A Academia Brasileira de Letras também tem uma história curiosa de um acadêmico que não chegou a ocupar a cadeira. O fato foi relatado por Aloysio de Castro em seu discurso de posse.

No dia 14 de novembro de 1917 Aloysio ocupou a cadeira nº 5, que havia sido deixada por Oswaldo Cruz. Em seu discurso Aloysio contou que seu pai, Francisco de Castro, também médico, fora muito amigo de Machado de Assis.

No dia 10 de agosto de 1899 Francisco de Castro foi eleito para ocupar a cadeira nº 13 da Academia. Era um homem brilhante. Além de ser excelente orador, poeta sensível e dedicado ao ensino, era também um conversador admirável.

O tempo passou e o novo acadêmico não dava notícias sobre seu discurso de posse.  Machado de Assis  resolveu, então, visitá-lo para conversar e pedir que apressasse o término do discurso. Francisco de Castro  atendeu à solicitação do velho amigo, concluiu seu discurso de posse, fez as revisões e o encaminhou ao autor de Quincas Borba.

Quis o destino, entretanto, que Francisco de Castro não pudesse ler sua peça oratória. Faleceu no dia 11 de outubro, pouco antes de ser empossado. Ficou para a história como o acadêmico que não chegou a pertencer a Academia.

No dia da sua posse, Aloysio de Castro dedicou boa parte do discurso para contar sobre a amizade de seu pai com Machado de Assis, e de como o fundador da Academia foi até sua casa estimular Francisco de Castro a concluir o discurso.

Fez referência a detalhes da conversa que presenciara entre os dois amigos, especialmente quando falaram sobre livros e o que faziam para protegê-los dos insetos. Comentou ainda, de forma emocionada, que essa foi a última vez que os dois se encontraram.

Há algum tempo, “garimpando” velhos livros nos sebos do centro velho de São Paulo, encontrei em excelente estado um exemplar do livro com o discurso de posse do Francisco de Castro. Foi uma coincidência impressionante porque há poucas semanas eu acabara de ler o discurso de posse do seu filho Aloysio de Castro.

Fiquei emocionado ao ler aquele discurso que jamais seria usado em sua posse. Imaginei também a emoção sentida por seu filho ao revelar esses episódios no momento em que tomava posse na Academia. Um sonho realizado por ele, mas que não foi possível ao seu pai.

Superdicas da semana:

– De vez em quando passe por um sebo. Poderá encontrar obras excepcionais.

– Aprimore a comunicação lendo discursos de bons oradores.

– Analise os discursos dos bons oradores estudando as técnicas que adotaram.

– Não há discursos velhos ou novos. Há discursos bons e ruins, novos e antigos.

 

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