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04 abr 2018

Táticas para interagir com os ouvintes

Para interagir com os ouvintes, alguns palestrantes têm usado táticas de comunicação que mais parecem instrumentos de tortura. Com a intenção de melhorar o resultado de suas apresentações fazem perguntas de forma tão grosseira que deixam platéias inteiras com os nervos à flor da pele.

Com poucas variações a cena se desenvolve mais ou menos assim: o sabichão chega diante do público e começa a fazer perguntas como se estivesse comandando um interrogatório. Geralmente inicia com um rápido comentário sobre o tema e parte para o ataque.

Diz, por exemplo, vamos ver o que vocês entendem por planejamento estratégico. A partir daí dá início à fase das execuções. Olha bem nos olhos da vítima sentada na primeira fileira e sem nenhuma sutileza formula a pergunta:
– O que é planejamento estratégico para você?

Apanhado de surpresa, o ouvinte, meio sem jeito, arrisca uma tímida resposta tentando se lembrar dos conceitos aprendidos na faculdade, ou em algum livro de administração para não administradores. O palestrante faz aquela cara de quem já esperava tamanho despreparo e sentencia: nãnaninanã, não é nada disso não.

Com ar satisfeito, como se acabasse de colocar mais uma marca no coldre, volta-se para outro ouvinte sentado lá no fundo da sala e repete a mesma pergunta. E depois de ouvir a resposta, mais uma vez com a fisionomia que demonstra impaciência, mas que não esconde o sorriso de triunfo, passa o mesmo veredicto.

E assim, sem dó nem piedade vai executando vítima por vítima, que ali indefesas, constrangidas, diante de colegas da mesma empresa, ou da mesma profissão, como se fossem iniciantes desinformados vão sucumbindo e se desmoralizando.

No final, depois de repetir meia dúzia de vezes a mesma pergunta, que são acompanhadas do mesmo número de respostas e de igual quantidade de nãnaninanãs, o algoz projeta uma colorida e sofisticada tela com o conceito que julga ser a melhor definição de planejamento estratégico.

Só que se o conceito formulado pelo palestrante for bem observado,será possível constatar que ele não difere muito das respostas dos ouvintes que foram reprovadas. Age assim para tentar uma tese que fica subentendida – vejam como tenho muito a ensinar.

Envolver as pessoas para que possam participar e se interessem pelo assunto é um recurso excepcional para o bom resultado de uma palestra. Entretanto, fazer perguntas à platéia apenas com o objetivo de mostrar que os ouvintes não conhecem o assunto e que terão muito a aprender com o palestrante, pode criar uma atmosfera negativa e tornar o público resistente.

Se você desejar interagir com as pessoas fazendo perguntas, vá em frente, mas proceda de forma diferente, mais vantajosa e com melhores chances de sucesso. Valorize qualquer informação que os ouvintes usem como resposta.

Faça perguntas e aproveite a resposta adaptando-a ao conteúdo de sua mensagem. Vamos imaginar um exemplo bem exagerado. Suponha que depois de questionar a platéia sobre o conceito de marketing alguém dissesse que é uma venda no atacado.

Até uma resposta absurda como essa poderia ser aproveitada para dar sequência a sua palestra. É evidente que você não poderia elogiar a resposta, pois os ouvintes perceberiam a falta de sinceridade e sua credibilidade ficaria comprometida.

Sem criticar o ouvinte, você poderia dizer que um dos recursos mais importantes para viabilizar vendas no atacado é uma política de marketing bem planejada. Você não estaria dizendo que a resposta está correta, mas o fato de continuar sua exposição a partir da informação do ouvinte iria respeitar a imagem e a posição dele diante das outras pessoas.

Essa atitude simpática mostraria sua preocupação e respeito para com a imagem das pessoas, motivaria os outros ouvintes a participarem com respostas e sugestões e produziria um ambiente mais favorável e útil ao sucesso de sua apresentação.

Superdicas da semana:

– Faça perguntas para interagir com os ouvintes

– Não faça perguntas só para demonstrar que sabe mais que os ouvintes

– Se fizer perguntas, procure sempre valorizar as respostas dos ouvintes

– Ao valorizar uma resposta você motivará outros ouvintes a participar

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Livros de minha autoria que tratam desse tema: “Como falar corretamente e sem inibições”, “Oratória para advogados e estudantes de direito” e “Superdicas para falar bem” (também em audiolivro), publicados pela Editora Saraiva.

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