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04 abr 2018

O que a vida me ensinou sobre paixão profissional

Quase recusei o convite do editor Luís Colombini para escrever o livro “O que a vida me ensinou – para não deixar a conquista escapar pelos dedos”. Fiquei preocupado em parecer pretensioso, como se estivesse querendo contar vantagens dos meus feitos.

 

Aceitei, entretanto, com a condição de contar tudo com o coração aberto, sem mascarar nenhum fato. Em cada capítulo não escondi minha origem humilde, a falta de traquejo social e a falta de jeito como aprendiz de empresário. Por outro lado, revelei também, sem nenhum constrangimento, que minha carreira foi marcada pela paixão. É sobre esse assunto que vou falar hoje.

 

Quando o professor Oswaldo Melantonio, o mais importante professor de oratória do país nos 50 anos em que esteve em atividade, me convidou para ser seu assistente no curso de Comunicação Verbal eu só tinha 24 anos. Eu me lembro de que era mais jovem do que todos os alunos que frequentavam o curso.

 

Quando perguntei ao Mestre por que ele havia me convidado, sua resposta foi direta: “por causa da sua paixão pela oratória”. Veja que ele não me convidou levando em conta a minha capacidade de comunicação ou o potencial que eu pudesse possuir para me tornar um professor competente, mas sim pela paixão.

 

Mais de 20 anos depois, ao paraninfar uma das turmas do nosso curso, o professor Melantonio, do alto dos seus 80 anos, fez questão de falar dessa minha paixão: “Dona Margot, minha mulher, que sempre cuidou das finanças do nosso instituto, pediu que eu desse um recado a todos os formandos do curso do Professor Polito. Saibam que, durante os sete anos em que ele ministrou aulas na nossa escola, jamais aceitou um centavo sequer como remuneração”.

 

Eu precisava muito daquele dinheiro, mas entendia que aquela atividade me dava tanta satisfação e me permitia tamanho aprendizado que eu deveria pagar, e não receber por estar ali. Não há nada contra ganhar dinheiro. Ao contrário, a remuneração é vista como forma positiva de valorizar a competência e a produtividade profissional.

 

O que, talvez, deva ser evitado é pensar no dinheiro antes de se preparar para desempenhar bem e se apaixonar por uma atividade. Quando deixei de atuar no mercado financeiro para me dedicar somente à profissão de professor de oratória, mais uma vez a decisão foi tomada pela paixão.

 

Concluí que se ganhasse dando aula metade do que recebia como profissional da área financeira seria muito mais feliz e me sentiria mais realizado. Foi o que aconteceu. Embora a jornada diária de trabalho passasse de oito para 16 ou 18 horas, com remuneração muito menor, a impressão era a de que estava num paraíso.

 

Nenhuma dessas decisões foi premeditada. Agi sempre por impulso, levado por uma quase ingenuidade. Por isso, errei muito. Olhando para trás, entretanto, vejo que não poderia ter percorrido caminho melhor. Desenvolver um trabalho com prazer é muito mais gratificante e nos proporciona mais felicidade que qualquer outro tipo de remuneração.

 

Dizem que se nos dedicarmos a um trabalho com envolvimento, alegria e paixão o dinheiro vem normalmente como consequência natural. Acredito que quase sempre seja assim mesmo. Quem faz o que gosta se aprimora e se desenvolve tanto que acaba sendo bem pago por sua competência. Creio, entretanto, que a decisão primeira e definitiva deva ser a de se dedicar a uma atividade que possa acima de tudo proporcionar felicidade. Se for bem remunerado dessa forma, ótimo. Se não for, sendo feliz, será ótimo do mesmo jeito.

 

Superdicas da semana

– Aprenda o máximo que puder sobre uma atividade

– Procure desenvolver uma profissão pela qual esteja apaixonado

– Entre o dinheiro e a paixão por um trabalho, se puder escolha a segunda

– Se você for bom no que faz, gostará do seu trabalho e será bem pago por isso

 

Para outras dicas de comunicação entre no meu site

 

Livro de minha autoria que trata da paixão e da realização profissional: “O que a vida me ensinou”, publicado pelas editoras Versar e Saraiva.

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