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04 abr 2018

Conselhos para Serra e Dilma

Foi dada a largada. Serra e Dilma (se quiser incluir outros candidatos fique à vontade) terão poucos meses para conquistar os eleitores e vencer as eleições. É o momento em que, além do currículo de cada candidato, evidentemente, conta muito também a capacidade de comunicação.

 

Quem falar melhor, quem tiver mais habilidade oratória tocará o sentimento dos eleitores e ampliará as possibilidades de se sair vencedor nesse pleito. Talvez não tenhamos presenciado campanha mais acirrada em nossa história que essa que vamos acompanhar. É briga de gente grande e sem espaço para chororô. Vencerá o mais comunicativo.

 

Sem contar que a comparação com os dois últimos presidentes é inevitável. Lula e Fernando Henrique são dois craques na oratória. Dois sedutores de plateia que sabem tudo de tribuna, independentemente de discursarem na carroceria do caminhão ou no palanque eletrônico. Dilma e Serra terão a missão quase impossível de produzir discursos que cheguem perto de seus antecessores.

 

Os dois possuem uma característica comum – não são lá muito simpáticos. E em política simpatia é requisito essencial para vencer eleições. Lembro-me da época em que ainda era um garotinho, toda vez que alguém aparecia cumprimentando com largo sorriso meu pai dizia: esse deve ser político. Porque, desde que o mundo é mundo, político que se preze precisa ser simpático.

 

Portanto, aqui vai minha contribuição aos dois candidatos. Algumas dicas simples de como conquistar os eleitores já no início de seus discursos. E vou me restringir à introdução porque é no princípio, logo nas primeiras palavras que o candidato conquistará ou não os ouvintes.

 

Dicas para conquistar a simpatia

  • Elogie honestamente os ouvintes.

Atenção candidato. Elogio honesto, sincero, verdadeiro, pois se o eleitor perceber falsidade interpretará a atitude como demagógica e poderá levantar resistências ao candidato. Ah, treine o sorriso para ser mais simpático. E antes que me esqueça, pare com essa besteira de “bom dia a todas e a todos”. Esse vocativo cheira falsidade, é muito “politicão”. Ao dizer “todos” as “todas” já estão incluídas. Cumprimentar assim é demagogia. As mulheres percebem logo.

  • Demonstre envolvimento com o tema tratado.

Cada tema deve ser tratado de acordo com sua importância. Ninguém pode falar de desemprego como se fosse um assunto banal. Precisa falar com indignação e ao mesmo tempo mostrar confiança. Além disso, nada de chegar nos ambientes se sentindo por cima, como se fosse o rei da cocada preta. Se for preciso comer buchada de bode e tomar cafezinho frio, vá à luta. Sempre com semblante feliz.

 

  • Fale de maneira simples e natural, sem afetação ou arrogância.

Sei que estou pedindo demais para os dois. Entretanto, é assim que se vence eleições. E como, provavelmente, estão pleiteando a maior conquista da vida o caminho é esse: simplicidade e naturalidade.

Dicas para conquistar a atenção
• Use frases ou informações que provoquem impacto.

Ouvinte de discurso político, de maneira geral, é indiferente e apático. Por esse motivo precisa receber uma chacoalhada. Frases que provocam impacto ajudam a acordar os desligados.

  • Narre um fato interessante, e curto.

A história interessante fisga a atenção das pessoas. Atenção, entretanto, para o detalhe – deve ser sempre história bem curtinha. Só para chamar atenção e despertar interesse. Nada de novela nessa hora.

  • Aproveite um acontecimento do ambiente e o transforme num fato bem-humorado.

Não consigo ver a Dilma ou o Serra contando piadas diante do público. Dou risada só de pensar. Todavia, os dois são inteligentes e possuem presença de espírito. Se conseguirem aproveitar uma informação que nasce no próprio ambiente e transformá-la num fato bem-humorado conquistarão o interesse do público. O Lula é doutor nessa matéria.

  • Levante uma reflexão para que comecem a pensar sobre o assunto.

Se o candidato levantar uma reflexão a respeito de um tema relevante, que toque o interesse dos ouvintes fará com que o público participe ativamente do processo de comunicação.

  • Mostre as vantagens e os benefícios que o assunto proporcionará.

É da natureza humana. Só prestamos atenção na mensagem se percebermos que teremos algum tipo de vantagem. Por isso, o candidato deve avaliar quais os benefícios a plateia terá com aquele assunto e revelar essa informação logo no início.

Dicas para quebrar a resistência
Se a resistência for com relação ao candidato. Os eleitores, quase sempre, ficam resistentes com relação ao candidato quando não confiam na sua experiência e autoridade para assumir o cargo. Essa resistência deve ser quebrada já na introdução.

  • Mostre, sutilmente, que possui bagagem para tratar do assunto. Mencione, por exemplo, estudos realizados, projetos dos quais tenha participado, enfim, qualquer experiência associada ao tema. Coloque no pacote aqueles que foram desenvolvidos pelo governo do seu partido. Vale do mesmo jeito.
  • Estabeleça laços de identidade, falando sobre a admiração que possui por pessoas queridas do público. É só lembrar do velho ditado: “Quem meu filho beija minha boca adoça”.

 

  • Faça citações de frases de pessoas respeitadas pelos ouvintes e que correspondam à sua forma de pensar. Talvez você não tenha mesmo a experiência que os ouvintes gostariam que tivesse. Ou, talvez, tenha, mas sente que precisa reforçá-la ainda mais. Se a autoridade citada é respeitada pelo público, e a frase corresponde à posição que você defende, essa credibilidade poderá ser transportada para a sua mensagem.

Se a resistência for com relação ao assunto. Só tome cuidado para não fazer confusão. Às vezes pensamos que a resistência do ouvinte é com relação a nós, quando na verdade é com relação ao assunto. Para ter certeza basta responder à pergunta: se eu mudar de ideia o ouvinte continuará sendo resistente? Se a resposta indicar que o ouvinte deixará de ser resistente, saberá que a bronca não é com você, mas sim com a ideia que defende.

  • Mencione os pontos comuns que possui com os ouvintes. Antes de apertar a jugular e dar sua opinião sobre os temas controversos relacione os pontos comuns que possui com os ouvintes e comece a exposição mencionando cada um deles.

 

Os ouvintes deduzirão que a forma de pensar é a mesma e se desarmarão. Se der sua opinião logo no início, agradará aos eleitores que concordam com você, mas levantará ainda mais a resistência daqueles que pensam de maneira diferente.

Se a resistência for com relação ao ambiente. Nas situações onde os ouvintes se sintam desconfortáveis por causa do calor ou do frio, dos compromissos que possuem para aquele horário fora do ambiente, da fome, dos ruídos etc., o que mais desejam é não permanecer ali. Por isso, nessas circunstâncias, o melhor que tem a fazer é prometer que não consumirá muito tempo.

 

Falando nisso, os dois precisam tomar cuidado e respeitar o tempo dos ouvintes. Na posição que ocupavam até pouco tempo atrás todo mundo esperava “pacientemente” sem reclamar dos atrasos. Em campanha tudo muda. Atrasou e fez esperar pode perder voto.

 

Vamos acompanhar de perto essa campanha e aproveitar para aprender um pouco mais sobre comunicação. Que vença o melhor…para o país.

 

Superdicas da semana:

– Aproveite a campanha eleitoral para aprender mais sobre comunicação.

– Analise os argumentos de cada candidato e observe como o adversário se defende.

– Imagine que você seja um dos candidatos e como agiria no lugar dele.

– Estude a introdução da fala de cada um e pense numa forma de aperfeiçoá-la.

 

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Livros de minha autoria que ajudam a refletir sobre esse tema: “Como falar corretamente e sem inibições”, “Assim é que se fala”, “Oratória para advogados e estudantes de direito” e “Superdicas para falar bem” (também em audiolivro), publicados pela Editora Saraiva.

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