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04 abr 2018

“Prefiro elogio falso à crítica sincera”

Tenho um amigo. Conhecido em todo o país. Como ele se expõe muito imaginei que estivesse acostumado a receber críticas e não se incomodasse com elas. Pensei, esse cara deve ter levado tanta bordoada na vida que ficou com o couro duro, impenetrável.

 

Por duas vezes, entretanto, me surpreendi. Em certa oportunidade fiz uma sugestão para ele mudar alguns rumos da sua atividade. Não era uma crítica. Só estava tentando ajudá-lo com base na minha experiência. Ele ouviu e ficou quieto. Estranhei um pouco.

 

Em outra ocasião comentei que o resultado da sua atuação poderia ser ainda melhor se tivesse usado um recurso diferente, mais simples, mais barato e com maiores chances de sucesso. Mais uma vez ele ouviu e permaneceu calado. Fiquei muito intrigado.

 

Sua atitude não era normal. Pelo menos não era o comportamento que eu esperava. Por isso, não hesitei, fiz uma pergunta mais ou menos em tom de afirmação: – você não gosta de receber críticas, né? Depois de algum tempo em silêncio veio a pérola: – Polito, prefiro um elogio falso a uma crítica sincera.

 

Pois é, de maneira geral, as pessoas não revelam, mas quase todo mundo detesta ser criticado. Às vezes, por ingenuidade ou falta de experiência, caímos no canto da sereia e acreditamos que quando alguém nos pede uma crítica está sendo sincero. Precisamos nos conscientizar de que, quase sempre, quem pede crítica está implorando por elogios.

 

Experimente fazer uma crítica e observe a reação da pessoa. Ao invés de concordar e agradecer, ela começa a se justificar para tentar explicar porque teve aquele comportamento. Ora, se, de forma geral, as pessoas se defendem é óbvio que não ficaram muito satisfeitas com o que ouviram.

 

Por isso, tome cuidado no relacionamento com colegas de trabalho, parentes e amigos. Pense duas vezes antes de tomar a iniciativa de dar conselhos ou de fazer críticas. Mesmo tendo a intenção de ajudar poderá magoar e provocar constrangimentos. As suposições que fazemos nem sempre coincidem com a verdadeira história de vida de uma pessoa.

 

Não temos informações suficientes sobre seus infortúnios, suas derrotas, seus momentos de angústia e de sofrimento. Não sabemos quais foram as injustiças que ela cometeu, nem aquelas cometidas contra ela. Sem perceber ao fazermos a crítica podemos revolver um intrincado e complexo mundo que delineia seus sentimentos.

 

Não caia nessa de fazer crítica construtiva. É uma armadilha, pois, no fundo, é crítica da mesma forma. A pessoa sabe que errou, que não se comportou bem, mas ao receber a crítica  fica chateada da mesma maneira. Iria se sentir melhor se ninguém tocasse no assunto.

 

Observe também se não está fazendo o comentário por pura vaidade. Nem nós mesmos percebemos, mas, em determinadas circunstâncias, mais que ajudar estamos querendo mostrar conhecimento, preparo, experiência e não nos damos conta de que nossas palavras machucam e ferem os sentimentos de quem criticamos.

 

Não se faz compensação com as críticas. Não pense que fazendo dois ou três elogios terá adquirido o direito de fazer uma crítica. A quantidade de elogios não diminui a agressão da crítica. Por isso, a não ser que seja muito necessário, se sua intenção era a de fazer duas críticas e um elogio, talvez, consiga ajudar mais a pessoa se mudar a estratégia e depois dos dois elogios fizer mais um elogio.

 

Lógico que se uma pessoa comete falhas graves, que poderão prejudicar a ela ou a outras pessoas, dependendo do envolvimento que possamos ter torna-se quase uma obrigação alertá-la e mostrar como o comportamento ou as atitudes dela estão equivocados. Se você observar bem, entretanto, irá constatar que essas situações são raras, pois, de maneira geral, as pessoas não se comportam mal com tanta frequência.

 

Temos de considerar também questões culturais. Os europeus, como os alemães, por exemplo, são mais diretos e assertivos no relacionamento e, por isso, devem estar mais acostumados com as críticas. Os latinos, como nós, brasileiros, somos mais sensíveis e, por esse motivo, temos o hábito de fazer rodeios, sem irmos diretamente ao ponto.

 

Se achar que precisa mesmo fazer crítica, seja cuidadoso e use de toda “diplomacia” que puder. Vamos imaginar que um colega de trabalho tenha o hábito de chegar atrasado. Em vez de você criticá-lo diretamente e, provavelmente, deixá-lo magoado, poderia agir de forma mais sutil.

 

Suponhamos que ele chegue no horário dois ou três dias seguidos. Nesse momento, como se fosse uma comemoração, você poderia dizer que estava contente em ver como ele conseguira resolver a questão do horário. Dessa forma, sem fazer a crítica diretamente, iria alertá-lo para a existência do problema, provavelmente, sem magoá-lo.

 

Superdicas da semana:

– Evite criticar as pessoas

– Se tiver de fazer críticas, seja diplomático

– Não faça elogios para depois poder criticar

– Não imagine porque uma pessoa possa ser criticada porque demonstra ser forte

 

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